terça-feira, 15 de novembro de 2011

- exposição do artista visual Diego de Santos

 - exposição do artista visual Diego de Santos com curadoria de Nathalia C. Forte
Abertura dia 18 de novembro 2011 às 19hs






Medo de cair, medo de andar, medo de ir... Todos somos atingidos pelo sentimento primitivo de autopreservação mediante o perigo ou o desconhecido. E quando o desafiamos, e quando nos permitimos estar no limiar entre a segurança e o perigo, em que viagens podemos chegar? Que descobertas podemos fazer? Que riscos nos atrevemos a correr?


Começar a andar também é começar a cair, mas nem por isso, paramos de andar ou deixamos de nos sentir atraídos pela possibilidade da queda.

A busca pelo equilíbrio passa pelo desejo do desequilíbrio. Desequilibrar-se também significa encontrar outras maneiras de equilibrar-se, também nos ensina novos modos de andar e de ser. Ao mesmo tempo tememos o chão e a dor da queda, ansiamos a aventura, a proximidade da morte e do perigo. O que faz com que medo e desejo andem tão próximos?

Em Graças ao Perigo, Diego de Santos nos leva a explorar esse momento de possibilidades. Em seus desenhos e fotografias o jovem artista dialoga conosco sobre esse instante entre o equilíbrio e a queda, entre o seguro e o desconhecido, o desejo e o medo.

Em suas obras somos levados por um personagem, um homem incompleto com suas pernas e mãos a mostra, com um corpo imerso, ou no estado de objeto, ou no avesso. Esse é personagem de ação, de atitude interrompida, são as pernas que caminham em direção ao perigo e as mãos que agarram para resistir a correnteza dos acontecimentos que estão fora do seu controle.

A arte de Diego de Santos muito fala sobre essa relação de controle, ela caminha no sentido contrário ao das situações vividas por seu personagem. O traçado de seu desenho é cheio de movimentos repetitivos e minúcias, mesmo possuindo um resultado que parece muito gestual ao utilizar a caneta esferográfica com força sobre o papel bem fino e frágil. Em seu desenho preto e branco, Diego também explora esse ponto de limite entre o riscado e a resistência do papel, assim chegando ao instante de equilíbrio, a medida limite entre a ação do artista e a resistência do material. Dialogar com seu trabalho também é conversar um pouco com suas fobias e inseguranças, com seu desejo de inovar nos caminhos de sua estética sem comprometer sua integridade e a segurança de suas afirmações visuais.

Seu desenho é limpo, firme e seguro, que usa um método aperfeiçoado a cada nova obra. Um desenho que poucas vezes arrisca-se em águas bravias e desconhecidas como aquelas em que o personagem das possíveis histórias/instantes que narra se joga propositadamente, mas ainda assim, amplia-se. Mesmo quando nos surpreende ao transformar a ferida do verso do papel como desenho de primeiro plano, Diego o usa com segurança e em espaços pré definidos e bem estudados. Este é um artista de método, que dialoga com o que faz, que teme e busca a destruição dos significados que construiu. E esses conceitos se aplicam não só a sua construção com o desenho, mas também com o video e a fotografia.



Graças ao Perigo é uma viagem ao movimento cotidiano de desejar aquilo que se teme, de insinuar-se a situações de perda de controle, de desequilibrio, de impossibilidade de ação consciente, de abrir mão do domínio de si.

É medo e desejo.

Estejam convidados, ao entrar nessa exposição, a desejar o doce do caramelo, desafiar a gravidade ao escalar o pote e suspender-se, na contemplação, entre aquilo que deseja e o caminho que te trouxe.



Nathália C. Forte

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