sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

MUSEU MADI SOBRAL TERÁ NOVA SEDE EM 2012

Implantado nos jardins da margem esquerda do Rio Acaraú, no centro da cidade de Sobral, em local de fácil acesso público e estacionamento, compondo com a Biblioteca Pública Lustosa da Costa e com a Escola de Comunicação, Artes e Ofícios Augusto Pontes – ECOA um complexo cultural que dispõe de teatro, anfiteatro, oficinas de pintura, escultura, gravura, laboratório de restauro, salas de dança e restaurante, o Museu Madi Sobral terá a sua reconstrução iniciada no primeiro semestre de 2012.
O novo projeto, realizado pela mesma equipe que criou a sede anterior, os arquitetos Antônio Carlos Campelo, Nelson Serra e Neves e Aida Montenegro, com a colaboração de Samuel Gouveia, após ser visto em Sobral na abertura do espetáculo do cantor Lenine, em novembro, foi apresentado ao público de Fortaleza no estande do Museu na Casa Cor Ceará 2011.
A obra do Museu Madi prevê o aproveitamento da antiga estrutura em concreto do prédio anterior e contempla a criação de mais um pavimento para a área de exposições, a criação de um amplo espaço para o desenvolvimento de ações educativas e uma nova e arrojada coberta. As áreas administrativas, laboratórios e reserva técnica serão implantadas na vizinha ECOA, enquanto o novo prédio será prioritariamente para as exposições e convivências sócio-educativas.

HISTÓRICO DO MUSEU MADI SOBRAL
Após três anos de funcionamento, acolhendo milhares de visitantes, a sede do Museu Madi Sobral foi atingida por um desastre: uma cheia do Rio Acaraú que danificou de modo irreparável todo o seu sistema elétrico, de refrigeração e de ilumimação; arrasou todas as vedações externas em vidro; destruiu todo o seu sistema de arquivos. Somente a estrutura em concreto resistiu às águas.
O acervo foi retirado das dependências do Museu, já com a água invadindo o prédio e, na emergência, infelizmente, teve que ser manipulado por pessoas não qualificadas para esse serviço, o que provocou danos em algumas obras.
Somente agora, depois de concluir a construção do Açude Taquara, que dificulta a ocorrência de nova cheia no Rio Acaraú, foi possível à Prefeitura de Sobral desenvolver ações para a recuperação do prédio do Museu. Nesse sentido, através da Secretaria do Desenvolvimento da Cultura e do Turismo, a Prefeitura de Sobral contratou o curador Roberto Galvão para coordenar os trabalhos de reimplantação do Museu Madi Sobral, na margem esquerda do Rio Acaraú, a partir do que a pretende Prefeitura de Sobral pretende desenvolver um forte trabalho de divulgação do movimento Madi.






SOBRAL TRABALHA PARA RECUPERAR O MUSEU MADI
A Prefeitura de Sobral sabe que o Museu Madi é um patrimônio de enorme valor para a cidade e todo o Brasil. Por isso, trabalha para que o acervo que nos foi legado por mais de 60 artistas de 14 países esteja, em breve, disponível para o deleite de sua população dentro de perfeitas condições técnicas, permitindo aos sobralenses e visitantes a convivência com Arte de padrão internacional.

Rupturas Pedagógicas e possibilidades artísticas








Por Alexandre Lucas*
É preciso romper com a “ordem e a disciplina” para pensar novas práticas pedagógicas no ensino de Artes, que possam nos remeter a conexão: estudo, vivência e experimentação.    É preciso “ensinar” os alunos a subirem nas cadeiras todos os dias**. O que nos leva a refletir sobre o tipo de escola e educação que defendemos.
Primeiramente temos que descortinar o discurso de “educação de qualidade” como se a educação escolar fosse hegemônica no seu conceito, ou seja, só é possível pensar a educação escolar a partir das concepções pedagógicas, considerando que existem diferenças entre elas, o que obviamente repercutirá na finalidade e na interpretação da educação no âmbito da escola.                
O espaço escolar é um universo de visões sociais de mundo. Idéias progressistas e reacionárias se compartilham e entram em conflito nos pensares e fazeres pedagógicos.  O que configura a escola num ambiente de contradições e hibridismos camuflados e expostos, tornando-a instrumento de aprisionamento, enquadramento social, reprodução ideológica da classe dominante e em alguns casos, portal de libertação.
Uma das características fundamentais do papel social da escola, na perspectiva da Pedagogia Histórico-Crítica é ser um ambiente de socialização do conhecimento historicamente produzido e sistematizado, ou seja, o saber elaborado (ciência), enquanto elemento de ligação com e para a prática social. O que compreende o processo de socialização, assimilação e reelaboração do saber de forma ativa, tendo em vista que a sua proposição pedagógica visa aproximar a ligação entre os conteúdos e as realidades sociais/praticas sociais dos educandos.
Dentro deste aspecto, o ensino de Artes deve levar em consideração algumas questões importantes para o início de uma ruptura pedagógica, como: o ensino contextualizado com as demais áreas do conhecimento, tendo em vista, que a arte não se compreende por si só, mas a partir dos contextos sociais, culturais, políticos, filosóficos, sexuais, religiosos e econômicos e outro fator importante é a característica do “deslimite” da arte, enquanto conceitos, suportes e ações.  O que requer uma abordagem despreconceituosa e sem estigmas a diversidade de produções estéticas e artísticas.
Após definir os conteúdos e os seus objetivos, o que é primário para definição de qualquer intervenção pedagógica deve se pensar num segundo plano na forma, ou seja, qual a estratégia para aproximar do educando o conhecimento que ele desconhece do que ele já conhece?
O como ensinar?  Não pode ser uma receita, pois vamos reelaborando a prática pedagógica constantemente para atender as múltiplas e adversas condições de ensino-aprendizagem, o qual ocorre a partir de uma relação dialética entre a teoria e a prática surgindo deste conflito uma nova compreensão sobre a prática e vice-versa.
Quando me refiro em romper com os paradigmas dominantes no ensino de Artes aponto como um dos principais problemas, uma prática pedagógica e currículo descontextualizado com as práticas sociais dos educandos. É essencial uma inter-relação que garanta a unidade: conteúdo contextualizado, pratica social e processo pedagógico. 
Essa questão diz respeito a algo que é essencial para o educando, ou seja, o que ele aprende tem que está conectado com a sua pratica social.  Se o conteúdo não diz respeito a sua vida por quer estudar-lo? Esse é o grande desafio possibilitar que a ciência possa ser sistematizada para fins de ensino e que esteja intimamente ligado ao cotidiano dos alunos, o que irá ocorrer a partir da prática pedagógica.            
Enquanto prática pedagógica socializo algumas experiências que não se colocam como modelos ou receitas, pois se assim fosse seria uma contradição de discursos. O que apresento são ações questionadoras, que colocam o professor de Artes em outro patamar, que talvez seja o mais adequado para sua prática de ensino. Entretanto, deve se atentar para não descuidar do aporte teórico e acabar definindo primeiro a forma e depois o conteúdo. O que deve ocorre de maneira inversa. 
O que apresento é resultado de pesquisa e experimento empírico que venho desenvolvendo como pratica de ensino, a partir de um entendimento pedagógico de caráter progressista que coloca o ensino de Artes contextualizado com a vida. Para facilitar a compreensão denominarei essas praticas como: Aula Espetáculo; Aula Performance; Aula Vivência e Aula Experimentação.
As quais se caracterizam da seguinte forma:
Aula espetáculo - É preciso criar no aluno o encantamento pela arte, como algo vivo e que faz parte do seu cotidiano. Para isso é importante criar as condições de descontração, de riso, de reflexão e aproveitar o clima de “agitação e bagunça” como elemento de relacionar o que eles já sabem com o que desconhecem. O professor deverá funcionar como uma espécie de animador, contador de história e aproveitador de cada colocação dos alunos “o que eles têm pra dizer é importante” e deve ser resignificado mesmo quando foge do contexto do conteúdo, tendo em vista que cada colocação deles é fruta das suas praticas sociais;
 Aula performance – É preciso criar constantemente o estranhamento através de situações performáticas, por exemplo, “**subir em cima das cadeiras com os alunos” e possibilitar a discussão em torno da arte enquanto resignificação da realidade. Salientando que os conteúdos devem orientar as situações inusitadas. Nesta prática o professor deve propor ações na qual ele esteja no mesmo patamar dos alunos, ou seja, as atividades propostas devem também ser realizadas pelo professor, ele deve propiciar o encorajamento dos alunos, através do exemplo.
Aula Vivência – É preciso aproximar os alunos dos espaços de circulação, produção e discussão de arte, estreitando a relação entre obra-ação/artista/público. Neste sentido o professor de Artes deve ser um pesquisador, observador, participador e assíduo fruidor da arte. É inadmissível o professor que leciona a disciplina de Artes não freqüentar o teatro ou a galeria.
Aula Experimentação – É preciso criar condições para que os educandos possam fazer experimentos estéticos e artísticos. O professor precisa instigar o processo criativo dos alunos/alunos dando total e irrestrita liberdade para que possam criar, entendendo que no pensar e fazer estético/artístico no existe regras ou limites. Esse tipo de aula não pode ser confundida com “ensinar a fazer arte” ou seguir um modelo. Primeiro não se ensina a fazer arte, o que se pode é ensinar uma técnica e segundo dentro desta proposta o papel do professor de Artes  é provocar a discussão e reflexão sobre a ação ou a materialização de um produto, dando ao  educando a oportunidade  de se ver capaz de refletir e produzir.       
Pensar essas rupturas pedagógicas nos coloca na defesa de outra realidade, na qual o ensino de Artes seja equiparado na pratica com as demais disciplinas e que seja abolida as incoerências pedagógicas promovidas pelas Secretarias Estaduais e Municipais de Educação que visando preencher a lotação dos professores complementam suas aulas com o ensino de Artes, o que acaba promovendo a lotação na desqualificação do processo de Ensino-Aprendizagem, tendo em vista que a maioria dos professores que lecionam Artes não tem nenhuma qualificação na área, seja graduação, especialização ou curso de extensão.  
Encarar essa situação é reconhecer o papel político e pedagógico desse professor e a dimensão do ensino de Artes, enquanto processo ativo e contextualizado com as praticas sociais que se reverbera em rupturas necessárias para uma pratica pedagógica conseqüente e progressista.
*artista/educador e Coordenador do Coletivo Camaradas    



      


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"Todo artista, todo aquele que se considera
artista, tem o direito de criar livremente
de acordo com seu ideal, sem depender de
nada".
      Lênin

Prof. Alexandre Lucas      
(88) 99772082
MSN: alexandrelucas65@hotmail.com     
Blog do Alexandre Lucas -  www.blogdoalexandrelucas.blogspot.com
Blog do Coletivo Camaradas -
www.coletivocamaradas.blogspot.com
Blog das Entrevistas - www.blogdasentrevistas.blogspot.com

sábado, 17 de dezembro de 2011

Prêmio Agente Jovem de Cultura

Na manhã desta segunda-feira, 12, em Brasília, a secretária de Cidadania Cultural do Ministério da Cultura (SCC/MinC), Márcia Rollemberg, anunciou a realização do Edital Prêmio Agente Jovem de Cultura: Diálogos e Ações Interculturais,que vai conceder 500 prêmios, no valor de R$ 9 mil cada, a iniciativas culturais já realizadas e concluídas, propostas por jovens agentes culturais de todo o país.
As inscrições para a premiação estarão abertas a partir de quinta-feira, 15 de dezembro, estendendo-se até 31 de janeiro de 2012, e poderão ser realizadas no endereço eletrônico do MinC ou encaminhadas via Correios.  Poderão participar da iniciativa jovens brasileiros natos ou naturalizados e estrangeiros residentes há mais de três anos no país, na faixa etária entre 15 e 29 anos.
O anúncio foi feito momentos antes da realização da plenária final da 2ª Conferência Nacional de Juventude, que reuniu, na capital federal, no período de 9 a 12 de dezembro, quase dois mil jovens, dentre eles, 1.400 delegados de todo o Brasil, observadores e também convidados nacionais e internacionais. O evento foi coordenado pela Secretaria-Geral da Presidência da República, por meio da Secretaria Nacional de Juventude (SNJ/PR).
Parceria
Prêmio Agente Jovem de Cultura será desenvolvido pelo MinC, por meio da Secretaria de Cidadania Cultural, em parceria com a Secretaria-Geral da Presidência da República/Secretaria Nacional de Juventude e os ministérios do Desenvolvimento Agrário (MDA) e da Saúde (MS). Serão 100 prêmios para a categoria Jovem adolescente (15 a 17 anos), 200 para a categoria Jovem jovem (18 a 24 anos) e outros 200 para a categoria Jovem adulto (25 a 29 anos).
A premiação abrange uma faixa transversal de políticas públicas dedicadas à juventude e conta com recursos totais da ordem de R$ 5,7 milhões. O concurso terá recursos dos programas Brasil Plural eCultura Viva, do MinC. Os ministérios envolvidos também concedem apoio financeiro.
As iniciativas culturais poderão contemplar ações voltadas para as áreas de Comunicação, Articulação e Mobilização Cultural, Cultura e Tecnologia, Pesquisa, Acervo e Diálogos Intergeracionais no Campo da Cultura, Formação Cultural, Produção e Expressão Artística e Cultural, Intercâmbios e Encontros Culturais, e Cultura e Sustentabilidade.



 

63 º Salão de Abril 2012

As inscrições para o 63° Salão de Abril podem ser feitas on line até 21 de janeiro de 2012, através do site do evento. O edital e o formulário de inscrição já estão disponíveis em: http://www.salaodeabrilfortaleza.com.br/.

Com o tema “A cidade e suas desconexões antrópicas”, a Prefeitura Municipal de Fortaleza, através da Secretaria de Cultura de Fortaleza – SECULTFOR, divulga o edital do 63° Salão de Abril, que acontecerá de 17 de abril a 30 de junho de 2012. As inscrições já estão abertas e podem ser realizadas on line, até 21 de janeiro de 2012, através do site www.salaodeabrilfortaleza.com.br. A Comissão de Seleção do 63º Salão de Abril selecionará 30 (trinta) artistas, devendo cada selecionado receber um prêmio no valor de R$ 2.500,00 (dois mil e quinhentos reais). Além disso, serão concedidas 02 (duas) bolsas para residência no valor de R$ 12.000,00 (doze mil reais) cada, a dois artistas escolhidos entre os 30 selecionados.

Segundo a secretária municipal de Cultura, Fátima Mesquita, o 63° Salão de Abril dessacraliza o debate sobre as artes e o próprio fazer artístico ao trazer para o centro das atenções o elemento humano. “Pensar a cidade como a mais niveladora e democrática das obras humanas é entender que arte e vida são indivisíveis. É assim que a atual gestão entende cultura: como as diversas formas de convivência e invenção. E isso se reflete diretamente na concepção do Salão e na política pública que dá sustentabilidade a ele”, observou.

A cidade que se transforma cotidianamente diante da espacialização das necessidades e desejos humanos é o foco do Salão em 2012, que visa aproximar cada vez mais a classe artística da sociedade civil e do poder público, no intuito de construir coletivamente políticas públicas para a cultura em Fortaleza. As relações do homem com o meio ambiente, levando em conta fatores políticos, éticos, sociais, econômicos e culturais, pautam o Salão em 2012. “O tema é tomado como premissa e vai permear – e não engessar – todas as ações do Salão, como um ponto de partida para artistas inscreverem suas obras para a mostra contemporânea e também como norteador das discussões do seminário que reunirá artistas, pensadores, pesquisadores de diversas áreas, todos juntos buscando, principalmente, pensar sobre as possíveis formas de adaptação e sobrevivência do homem diante da estruturação complexa das grandes cidades. As formas e qualidade de vida vão cair na berlinda”, garantiu Maíra Ortins, coordenadora de artes visuais da Secultfor e organizadora do 63° Salão de Abril.

O debate ético e estético proposto pelo Salão se desdobra em eixos como: adensamento urbano e resíduo social, semiárido urbano, pobreza e exclusão, saúde e doença social, educação e formação, o cidadão e a formação do espaço urbano. “A partir dessas discussões, pensar políticas culturais para a cidade de forma ampla, sem destituir o meio ambiente deste processo, pelo contrário, pensar possibilidades a partir dele e por meio dele propor formas diferenciadas para os processos de elaboração estética e conceitual. A busca proposta pelo tema é sempre a condição primordial de construção de um pensar sobre a cultura: a transversalidade. É por meio tão somente do olhar multifacetado gerado pela mediação entre o artista, a obra e o espectador, que a arte e o seu fazer processo ganha força e potência transformadora”, explica Maíra.

Um dos diferenciais do 63° Salão de Abril é o deslocamento da mostra contemporânea para o MAC, reforçando uma parceria iniciada com o Governo do Estado em 2010, na esteira da mostra retrospectiva do Salão Histórico. Outra inovação é o convite a artistas ibero-americanos para exporem suas criações em Fortaleza, debatendo em paralelo sobre elas. Uma comissão curatorial (designada a partir do conceito de curadoria compartilhada, na qual a comissão decide os selecionados por meio de discussões e trocas com a Coordenação de Artes Visuais e a Direção da Galeria Antônio Bandeira) será constituída para o processo de seleção dos artistas convidados. Em cumprimento à demanda do grupo de artistas locais de Fortaleza, o salão promove ainda o Seminário “A cidade e suas desconexões antrópicas”, marcado por uma visão transversal e multidisciplinar da arte contemporânea.

A homenagem à artista plástica Heloísa Juaçaba também prevê uma exposição de suas obras na Galeria Antônio Bandeira, além de uma mostra do acervo da Pinacoteca do Município e um catálogo geral destas obras, no qual constará um capítulo todo dedicado à contribuição de Heloísa Juaçaba às artes visuais de Fortaleza.

Confira todas as informações no Edital do 63° Salão de Abril no site do evento:www.salaodeabrilfortaleza.com.br.
Site da Foto:http://www.salaodeabrilfortaleza.com.br/

Serviço:
Edital do 63° Salão de Abril e inscrições gratuitas no sitehttp://www.salaodeabrilfortaleza.com.br/. Assessoria de Imprensa: Ana Karla Dubiela: 88292020 – an_karla@hotmail.com.
Secultfor - 3105.1386.


CRONOGRAMA
Inscrições: Até 21 de janeiro de 2012.
Seleção: 27 a 30 de janeiro de 2012
Resultado da seleção: 31 de janeiro de 2012.
Recepção da obras: De 01 de fevereiro a 23 de março de 2012
Exposição: 17 de abril a 30 de junho de 2012.

Mariana Ratts
Galeria Antônio Bandeira
Secretaria de Cultura de Fortaleza - SECULTFOR
Tel: +55 85 3105.1403

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Dezembro Digital de Wilson Neto


 “ ...a gente se preocupa mais com a motocicleta do que com a viagem.” Marcelo Tas
Estou sempre escrevendo sobre a questão do suporte, que, na verdade, trata-se de uma não-questão. Mas como escrevo sempre pensando no contexto do Ceará e neste sentido encontro aqui certa antipatia em aceitar como arte o que não é exclusivamente pintura e escultura, volto a abordar esse tema. Também porque o nome (“Dezembro Digital”), da exposição que me faz escrever agora, cita explicitamente o suporte. Assim, assumo o risco de me repetir.
Todos nós sabemos que Duchamp (1887-1968) rompeu com a ditadura do suporte a partir dos seus “ready mades”. O urinol é uma ironia mordaz contra os que acreditavam (alguns acreditam ainda) que a arte só pode se materializar com tinta sobre tela ou a partir de um bloco de mármore.
A infinidade de maneiras com quê a arte contemporânea se coloca nos faz acreditar que “tudo é possível” e o que impera é, finalmente, a criatividade e o conceito. A idéia, e eu, diria também, a comunicação (uma idéia a ser desenvolvida em outro texto), intrínsecas à obra, a partir da concepção de um artista ou de vários artistas (os coletivos), é o que torna a obra relevante.
Lógico que em se tratando de mercado (quanto mais o de arte – o gosto é um fator decisivo) sempre haverá preferências. E a pintura acadêmica, por exemplo, terá seu público cativo independente da tendência do mercado. Até mesmo se pensarmos na tela sob o aspecto de objeto, e objeto histórico (além do artístico, é claro).
Na exposição “Dezembro Digital”, Wilson Neto com muita inteligência escolheu navegar entre duas margens: nem a liberdade total de suporte da arte contemporânea, nem o dogmatismo da pintura em tela. Suas obras são concebidas no computador, mas materializadas em tela (geralmente de grandes proporções). O computador é seu instrumento tal qual o pincel para o pintor ou uma câmera para o fotógrafo. Através do processamento de informações digitais, um nome complicado para computador, cria sua linguagem singular.
O que talvez pareça uma opção fácil para um artista, é na verdade: coragem e visão de futuro. Vislumbra-se uma inteligente noção sobre o mercado de arte, sobretudo o local (Ceará). Aqui, parênteses para a marchand Mariana Furlani (Mariana Furlani Arte Contemporânea), que aposta comercialmente com uma individual bem estruturada e importante, com uma proposta nova e de um artista também relativamente novo.
O argumento de que a arte digital seria uma forma fácil de produzir arte, além de conceitualmente não ter importância – quem disse que dificuldade técnica é um pré-requisito para boa arte? – e preconceituoso, sequer se aplicaria no caso de Wilson Neto. O artista em outras oportunidades mostrou trabalhos de um requinte artesanal e dificuldade de produção que remetem aos bordados do Ceará e ao estilista Lino Villaventura e à técnica do pontilhismo de Seurat (1859 – 1891).
É óbvio que, para ele, a técnica não é um problema a ser vencido. Nem tão pouco produzir arte através de uma plataforma eletrônica não requeira a sua própria técnica. Uso esse argumento, mas o fato é que para os grandes artistas, mais importante do que conhecer e praticar uma técnica, é, a partir dela ou não, criar a sua própria. Daí nascerá uma linguagem pessoal que caracterizará o artista (não mais o técnico que sabe fazer “arte”).
Digo coragem e visão porque o mercado cearense ainda é um pouco ortodoxo e mesmo algumas pinturas mais conceituais não são, muitas vezes, aceitas ou são recebidas com uma resistência que não existe em outros lugares. A exceção que confirma a regra é a maravilhosa obra de Antonio Bandeira (1922 - 1967) que teve seu trabalho reconhecido ainda em vida, mas não sem o apoio do, àquela época, recém inaugurado MAUC - Museu de Arte da UFC, através do seu reitor Antônio Martins Filho, nome importante e de respaldo na sociedade cearense.
 “Dezembro Digital” aposta num suporte que significa quase uma transição entre a consagrada pintura e a liberdade total na arte contemporânea. O que, além dos aspectos mercadológicos, tem seu significado como ponte entre o que era e o que virá.
Wilson sabe que o que importa é a consistência de sua obra como estética. Mas não nega o valor que é materializar seu conceito em um suporte que atenda a colecionadores e galerias. Neste aspecto, o fato de sua arte digital se apresentar em tela, ser tangível (um objeto, portanto), denota que ele quer administrar muito bem a tensão entre, a “Arte” e o “Mercado de Arte”.
Ao mesmo tempo em que ele concebe objetos (telas), não abre mão das infinitas possibilidades de criar que o computado oferece. O que o liga à liberdade e autonomia que arte contemporânea, de certa forma, defende.
Uma opção inteligente para um artista criativo e ousado, já seguro da qualidade e consistência de sua obra e afinado com o tão necessário “Mercado De Arte”.
 
Escrito por 
Serviço:
“Dezembro Digital”
A partir de 07de dezembro de 2011
+ 55 85 3242 2024
Fortaleza – CE, dezembro de 2011.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Veias urbanas









O sol desaba sobre a cidade em rebuliço. O poeta insiste em colocar no papel toda sorte de esquisitices e disparidades, coisa de artista, coisa de fotógrafo. Pendurado em postes, semáforos e cangotes vai detalhando, narrando o obscuro, e ai de quem se intrometer entre o fotógrafo e a cidade, são de suas andanças que a matéria vista de torna. Caminhar insondável que se encontra algum tipo de sentido quando desaguado em suas tele-objetivas. Uma relação íntima que sem dúvida tem de ser classificada como universal, mas que também em certos lugares, em certos dias e noites particulares, ganha contornos diferenciados e assume maior intensidade.
A cidade é o teatro das ações humanas. Desde milênios, ela esteve ligada a tudo que remete ao florescer da vida em civilização: o comércio, a escrita, a agricultura, os primeiros assentamentos humanos. Dos primeiros aglomerados urbanas às megametrópoles, a história se inscreve em memórias de pedras, história petrificada que exibe ao longo do tempo uma sociabilidade complexa e diversificada. Espaço passível de ser sentido, pensado, apropriado e vivido através do corpo, assim como declama Mário Quintana: "olho o mapa da cidade como quem examinasse a anatomia de um corpo...".


Porém, devemos nos lembrar que toda cidade carrega em si a dialética do concreto: insere-se, ao mesmo tempo, em um mapa geográfico e simbólico que estabelece renovadas formas de sensibilidade. Assim, RAFAEL VILAROUCA criou o seu Veias Urbanas. Fotografias reunidas que estabelecem a conexão entre seres e cidade. Em seu mundo de luz e lente, os homens imperam  como a grande força geradora de vida e criatividade. Os corpos, latentes em seus anseios, são declarações de desejos confessos. "A idéia surgiu a partir do que existe de imagético no centro da cidade. O excesso de informação, as pessoas, as cores, os cartazes... a partir disso, eu quis fazer um trabalho com o masculino lincando com as estátuas greco-romanas. Eu queria sensualizar o masculino, utilizando o centro da cidade como plano de fundo, como objeto da exposição", fala Rafael.

Exposiçao de pinturas Marga Llin

A artista espanhola Marga Llin, expõe suas pinturas a partir de quinta-feira (24), às 19 horas,  até 30 de dezembro de 2011, na Casa de Cultura de Sobral. A exposição “Arlequins e Cavaleiros”, com apoio da Secretaria de Cultura e Turismo de Sobral, tem a curadoria de Francisco Lara, que assim apresenta a artista valenciana:
“Existem autores, que situam o início da era astrológica de Aquário para os próximos anos. Aquário é uma das doze eras definidas no conceito de ano platônico ou “grande ano egípcio”, por causa do fenômeno astronômico conhecido com o nome de “precesión de los equinoccios”. Sendo a astrologia um conjunto de crenças que acredita que os fenômenos astrológicos têm influência sobre os assuntos humanos. Pois bem, são muitos os astrólogos que acreditam que a “Era de Aquário”, que sucede a de Peixes com duração de aproximadamente dois mil anos, “trará consigo um tempo de irmanamento universal apoiado na razão, onde será possível solucionar os problemas sociais de forma justa e equitativa, e com maiores oportunidades para a melhoria tanto intelectual como espiritual”. Assim, especialmente os sábios das culturas tradicionais do Oriente, esperam que neste fim de Era, mudanças ocorram em consequência de uma maior presença em nossas vidas de uma nova energia ou qualidades femininas. Por isso, não é de se estranhar que atualmente, também no campo das artes visuais, as mulheres – como Marga Llin – se mostrem mais e exponham suas criações com uma profusão desconhecida até em tempos recentes.
As figuras da mostra “Arlequins e Cavaleiros”, de Marga Llin, cheias de força intuitiva, nos mostram o incontrolável poder com que a feminilidade está irrompendo em nossas consciências. Claro que a energia feminina não está somente nas mulheres, também se encontra no homem. Na frente dos acontecimentos, más ou menos catastróficos que vem acontecendo por todo o planeta, pressentimos a manifestação de uma nova consciência que esperamos, pouco a pouco, evolua para uma renovada humanidade: mais amorosa, compreensiva e criativa, qualidades de caráter feminino que habitam em todos os gêneros.
A contemplação de “Arlequins e Cavaleiros” de Marga Llin, que também poderia intitular-se “Sensualidade”, pode abrir um caminho ao espectador que o conduza ao seu interior, ao coração, ao amor que existe latente dentro de si. É nesse espaço, nesse estado de consciência, onde homens e mulheres podem deflagrar a evolução para um mundo mais pacífico, abundante e solidário.
Com um domínio e destacada perícia técnica da pintura, tanto sobre tela como sobre papel, fruto do trabalho diário, durante anos, em seu ateliê de Valência, a autora joga com seus arlequins e faz cavalgar seus cavaleiros na densa atmosfera da pintura espanhola, que transita de Velázquez a Picasso. Seus retratos mantém conscientemente uma frontalidade que somente é quebrada por uma certa timidez, evitando que as figuras olhem diretamente para o espectador.
A criação na obra de Marga Llin resulta de uma dualidade entre a imagem representada e o gesto, o ato de pintar tão necessário e fundamental em sua vida. Imagino a luz que irradia de seu coração irradia luz, como se fosse um Sol, criando as condições para expressar o seu imenso potencial criativo que, a partir de suas obras também é nosso.”
 
 
Texto do currador Francisco Lara
AMarga Llin, cheias de força intuitiva, nos mostram o incontrolável poder com que a feminilidade está
irrompendo em nossas conciências. Claro que a energía
femenina não está somente nas mulheres, também se
encontra no homem. Na frente dos acontecimientos, mais
ou menos catastróficos que vem acontecendo por todo o
planeta, pressentimos a manifestação de uma nova
conciência que esperamos, pouco a pouco, evolua para
uma renovada humanidade: mais amorosa, compreensiva
e criativa, qualidades de caráter feminino que habitam em
todos os gêneros.
A contemplação de “Arlequimas e Cavalheiros” de Marga
Llin, que tambem poderia titular-se “Sensualidade”, pode
abrir um caminho ao espectador que o conduza ao seu
interior, ao coração, ao amor que existe latente dentro de
si. É nesse espaço, nesse estado de conciência, onde
homens e mulheres podem deflagrar a evolução para um
mundo mais pacífico, abundante e solidário.
Com um domínio e destacada perícia técnica da pintura,
tanto sobre tela como sobre papel, fruto do trabalho
diário, durante anos, em seu ateliê de Valência, a autora
joga com seus arlequins e faz cavalgar seus cavalheiros na
densa atmosfera da pintura espanhola, que transita de
Velázquez a Picasso. Seus retratos mantém
conscientemente uma frontalidade que somente é
quebrada por uma certa timidez, evitando que as figuras
olhem diretamente para o espectador.
A criação na obra de Marga Llin resulta de uma dualidade
entre a imagem representada e o gesto, o ato de pintar tão
necessário e fundamental em sua vida. Imagino a luz que
irradia de seu coração, como se fosse um Sol, criando as
condições para expresar o seu imenso potencial criativo
que, a partir de suas obras tambem é nosso.